A Bachiana No.5 - Música vs. Poesia ?
Reencontrei-me com a conhecida, por devido mérito, dada a sua beleza - Bachiana n.º5. Estava a viajar pelo Brasil, através do blog do meu amigo Eric, e deparo-me a ouvir esta famigerada obra, que "comigo mexe". Ora, "mexe" em dois sentidos. "Mexe" porque é linda, toda a gente percebe isso, e "mexe" porque a maior parte das grandes cantoras líricas que a cantam, com as suas belas e grandes vozes, umas mais doces, umas valkirianas, outras com dores de dentes e outras que tais, mas todas elas Primas Donas, a cantam e poucas são as que correctamente a interpretam. Nem sempre é uma questão musical que está em causa. Aliás, nem sempre é uma questão de afinação. O problema está na Língua, pois qualquer Língua tem musicalidade própria. Não se percebe nada! Arrisco dizer, sob pena de ser processado, que muitas delas, as tais divas, nem sabem o que cantam. Aquele poema todo impregnado de Romantismo! As palavras transpiram musicalidade que nada tem que ver com as rosnadelas numa "tentativa", pouco ou nada convincente, de cantar a Lingua Portuguesa.
Só houve uma interpretação que me"encheu", não tanto pelos dotes vocais, discutíveis ou não, mas por finalmente ouvir a minha Língua. Foi a brasileira Bidu Sayão, a cantora lírica para quem, se crê, que Heitor Villa-Lobos tenha composto esta 'Aria'. E que linda se tornou aos meus ouvidos! Que doce! Dramática, até!
Bom vou deixar de encarnar o papel de (pseudo)crítico de música erudita e deixo-vos o link e o poema. Eles que falem por si.
Bom vou deixar de encarnar o papel de (pseudo)crítico de música erudita e deixo-vos o link e o poema. Eles que falem por si.
Música :Heitor Villa Lobos
Letra: Ruth Valadares Corrêa
(clique para ir ao Youtube e ouvir esta versão de Bidu Sayão. Conselho: Siga o poema...)
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente.
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
Surge no infinito a lua docemente,
Enfeitando a tarde, qual meiga donzela
Que se apresta e a linda, sonhadoramente,
Em anseios d'alma para ficar bela
Grita ao céu e a terra toda a Natureza!
Cala a passarada aos seus tristes queixumes
E reflete o mar toda a sua riqueza...
Suave a luz da lua desperta agora
A cruel saudade que ri e chora!
Tarde uma nuvem rósea lenta e transparente
Sobre o espaço, sonhadora e bela!
7 pseudo-comentários:
Realmente muito belo!
Um toque de melodia colorida para este blog, que bem merece xD
Estou a ouvir neste momento, o pilgrims chorus! E a lembrar-me de ti, Hahaha!
AH! =) A mim lembra-me o majestoso San Marino... saudades...
Fantástico. No entanto a ligação que colocaste é apenas para o 1º andamento - a Bachiana No5 tem dois. O segundo, chamado Martelo, é também bonito.
Então e a Bachiana No4? É épica...
Enfim, Villa-Lobos é Grande.
Já agora deixa-me dizer-te que, de facto, a interpretação da Sayão é muito boa... E se não se percebe bem o texto a culpa neste caso é do Villa-Lobos. Por acaso ainda há dias falava desta peça com uma soprano minha amiga... Por melhor dicção que se tenha, a escrita da peça não favorece a compreensão do texto. Mas não deixa de ser uma obra genial!
Obrigado pelas sempre bem-vindas sugestões, para mais de quem sabe! Fica a dúvida de quem será a culpa. Se ele compôs para o poema é uma coisa se o poema foi escrito sobre a música já composta é outra coisa...
Este segundo movimento, Martelo, pereceu-me mais tradicional, de inspiração popular, um registo diferente e divertido. Gostei.
O que eu também gosto muito do Villa-Lobos é o Trenzinho Caipira! Muito engraçado! Somos levados pela ofegante e galopante viagem de comboio a vapor, tudo com uma orquestra! Um génio, que pelo que consta só perdia por ser preguiçoso...
Obrigado pelas sempre bem-vindas sugestões, para mais de quem sabe! Fica a dúvida de quem será a culpa. Se ele compôs para o poema é uma coisa se o poema foi escrito sobre a música já composta é outra coisa...
Este segundo movimento, Martelo, pereceu-me mais tradicional, de inspiração popular, um registo diferente e divertido. Gostei.
O que eu também gosto muito do Villa-Lobos é o Trenzinho Caipira! Muito engraçado! Somos levados pela ofegante e galopante viagem de comboio a vapor, tudo com uma orquestra! Um génio, que pelo que consta só perdia por ser preguiçoso...
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