No Gira-Discos II
Nesta segunda edição da nossa nova rubrica tomei a liberdade de trazer um convidado para dar alguma cor a este blog tão cinzentão; convidado esse que sempre admirei pelo bom gosto e pelo enorme conhecimento que detém em relação a boa música (e canta bem também, peçam-lhe para cantar)
Sem mais demoras deixo-vos com Nuno Pontes e The Dark Side of the Moon dos sobejamente conhecidos Pink Floyd
Alguns consideram-no “um dos melhores álbuns de sempre”. Outros consideram-no “o início da fase conceptual dos Pink Floyd”. Outros só conhecem o álbum porque tem “uma capa preta e um triângulo esquisito no meio, com um arco-íris a sair de lá”. É um prisma triangular, meus caros...O valor de The Dark Side Of The Moon reside não só no seu conceito, mas também nas letras, da autoria de Roger Waters, que aproveita para fazer uma reflexão sobre a vida e as suas vicissitudes. Desde o nascimento (em Speak To Me / Breathe) até à morte (em The Great Gig In The Sky), os Pink Floyd fazem um percurso que passa pela forma como o tempo pode dominar as nossas decisões (Time), o consumismo que nos rodeia no dia-a-dia (Money), e os nossos problemas pessoais (Us And Them).
Este também é o primeiro álbum que apresenta uma homenagem, digamos assim, a Syd Barrett, através da letra de Brain Damage. O álbum termina da melhor forma, com Eclipse, cuja letra pode ser entendida de várias formas, como por exemplo, uma forma de observarmos o modo como vemos as coisas.
The Dark Side Of The Moon é complexo? Ao nível das letras, o tema é complexo. Musicalmente... Bom, se separarmos cada canção, não é tão complexo como isso. É fácil, para uma boa banda, fazer algo ao nível musical de Money, Us And Them ou Time, não colocando em causa o valor e qualidade dos exemplos referidos. Porque o verdadeiro ponto forte deste álbum é a forma como uma canção leva à canção seguinte, até ao final do álbum. É pela ordem estipulada que o álbum funciona. Não vale a pena começar com On The Run e terminar com Any Colour You Like. Não faz sentido, porque, até conceptualmente, Speak To Me / Breathe é o início, e Eclipse, como o título indica, é o fim. Não é apenas o fim. Esse fim está reservado a The Great Gig In The Sky. Eclipse é UM fim, e o fim ideal para um álbum como este.
O álbum que marcou a carreira dos Floyd. Seguir-se iam os musicalmente e conceptualmente mais complexos Wish You Were Here, Animals e a obra-prima The Wall. E a separação mais psicologicamente violenta da história da música. Foi o princípio de algo bom... mas também o princípio do fim de um grupo.
As palavras não chegam para apreciar este álbum. É necessário ouvi-lo. Boa audição!
Sr. Dr. Nuno Pontes para além de melómano é também humorista, tendo já escrito inúmeros sketches para teatro amador, radialista tendo feito comédia para rádio online e crítico de todos os temas e mais alguns como podem constatar semanalmente na sua rubrica ThematicMondays.
Nuno Pontes conta ainda com os blogs: http://cronicadodia.blogs.sapo.pt e http://etervirtual.blogspot.com/ onde dá azo aos seus devaneios.
1 pseudo-comentários:
Sou um grande fã!
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