Não Fiz


Às vezes metemo-nos a pensar em coisas…
Às vezes até são coisas que fazem sentido mas que, quase desde sempre, somos programados para não pensar.

Coisas que pensamos, pensamos fazer e, quando realmente chega o momento de as fazer, não podemos ou não temos coragem para as fazer.
Talvez porque somos programados para não o fazer e nem sequer nelas pensar, talvez por impotência, ou talvez por… não sei…

Vamos à questão: Vai um homem no comboio, com um ar triste, abatido, quase desesperado, baseando-nos no olhar é o que podemos verificar, de repente, adormece e acorda… No tempo destas reticências, já era tarde de mais, MERDA, tinha passado a estação.

O homem vai a correr, tentado em vão, sair pela porta que já estava trancada, e o comboio, este colosso egoísta que não espera por ninguém, começa a andar com a estação a ficar para trás.
O pobre homem volta ao seu lugar, com a expressão ainda mais vincada de tristeza.
Por debaixo daquele ar triste, o homem tinha a sua expressão de bondade, decerto que a tinha, pois todos os homens são bons nem que seja num pequeno fragmento do seu instinto.
Às vezes basta um impulso, um empurrão!

Quando o homem se levantou de rompante, as poucas pessoas que estavam naquela carruagem olharam para ele, umas com pena, outras com outro sentimento qualquer.
Aí está a questão, eu senti pena, a senhora de cor sentiu pena, o idoso que estava ao lado, também ele digno de reparo, sentiu pena, todos sentimos pena… Mas não houve uma pessoa que o demonstrasse.
Verdadeiramente, queria dizer ao pobre homem que já estava tudo bem, que a vida era o tradicional sonho que sempre queremos que seja e que não havia motivos para estar assim…

Mas não, não o fiz, e na estação seguinte saí eu, com toda a calma que o homem não pôde ter para nem sequer conseguir sair na sua estação.
E como tanto critiquei e condenei neste texto: pensei, pensei fazer, e MERDA,
Não Fiz!

7 pseudo-comentários:

Sofia disse...

E eu, gosto, gosto, gosto, e não faço.

O que é que não faço, perguntas tu. Pois, não faço um comentário decente.

Mas mesmo assim, gosto. Gosto muito deste texto.

Marta Queiroz disse...

Realmente há coisas que está ao nosso alcançe fazer, mas o egoismo fala mais alto.
Somos assim,
Somos humanos.
Temos defeitos.
E temos de aprender a viver com eles.

Gosto muito destas ideias Pretas e Brancas.

Beijos*

Niusha disse...

Por isso é que eu digo sempre aquela frase banalíssima mas que é mais que real. Arrepende-te do que fazes, porque custa mais arrependeres-te do que não fazes.

Oh raios eu escrevi mesmo isto.

Vês? Pensei, pensei fazer... e olha fiz xD

E sim adoro este texto, porra.

Anónimo disse...

O teu universo é mais vasto do q eu pensava, sem prejudicar tudo aquilo q eu já sabia q havia dentro de ti. Mais, para além disso.

Gostei do pensamento. Gostei da profundidade do pensamento versus o acto em si (ou melhor, a sua formulação numa ideia).

São mesmo muitas as vezes que pensamos fazer uma coisa e que, no fim, acabamos por não a fazer.

Dou-te um exemplo pessoal: um mendigo todos os dias do ano, sentado no mesmo sítio de sempre, saída do metro do chiado, com o mesmo ar de sempre, sempre com a mão estendida, da mesma forma.

Pensei: porque não? E agr levo-lhe 5 bolachas e um pacote de leite todas as manhãs. E foi mesmo comovente ver o brilho nos olhos dele no primeiro dia, mas ainda mais continuá-lo a ver em todos os outros.

Se sentes que deves fazer algo, é mesmo melhor fazer. Até te sentes melhor contigo mesmo..

Um pequeno passo pra ti, um grande passo pra tua consciencia.

(God, mas ela tinha mesmo de ir buscar essa frasezinha já feita adaptando para o exemplo em questão, dando a noção que sabe relacionar bem conceitos e ainda escrever uma frase sem erros?)

Enfim, estou-me a prolongar.

Bjs

Anónimo disse...

Vai guardando numa caixinha todas essas intenções. O tempo vai passando, as oportunidades irão surgindo e mais intenções acrescentarás à tua caixinha. À medida que vais enchendo a caixinha, não deixes de reflectir sobre aquilo que ficou por fazer, e não receies que as oportunidades se possam ausentar, porque um dia, quando tiveres pronto para enfim fazeres, poderás fazê-lo de forma preciosa e perceber que o que ficou para trás, não foram mais do que formas de aprender, que as coisas fazem-se no momento certo.

Felicidades para este espaço a preto e branco que, acredito, será muito colorido.

*7* Carmén Mesa

Anónimo disse...

*estiveres

A Bruxa das PAPs disse...

Ora bem... eu já estou velha e revelha, mas lembro-me de um texto que li... e que estava à espera de encontrar por aqui! Gostava de ficar com ele!
Bruxices para os autores e um grande beijinho!